12/09/2011

Técnica para animar

Desde o início do projeto, a fotografia serviu como um guia para o conceito e, talvez por isso, o stop-motion aparentou ser a técnica mais adequada para animar as cenas. De imediato, pensei em construir maquetes cenográficas e bonecos tridimensionais articulados. Mas, devido ao fato de os personagens terem sido construídos a partir de conceitos sobre a sua forma de ver [confira aqui], pareceu-me importante pensar bem em como o espectador os veria. Para isso, levantei outras possibilidades técnicas, além do stop-motion.

Para manter a idéia de cenários tridimensionais e personagens bidimensionais, as soluções técnicas que eu visualizei para animação foram:

1) stop-motion com personagens em recortes de papel animados diretamente sobre as maquetes;


2) esse mesmo tipo de recorte animado em stop-motion sobre fotografias dos cenários;

3) animação 2D tradicional dos personagens, aplicados posteriormente sobre fotografias das maquetes;

4) 3D digital simulando profundidade nos cenários e bidimensionalidade nos personagens;

5) animação de recortes digitais dos personagens, sobre fotografias dos cenários construídos (maquetes).

Das cinco alternativas, optei pelo recorte digital (nº5), devido a um conjunto de fatores. Entre eles, o fato de a visualidade poder ser completamente composta por fotografias (do cenário aos personagens), o que pareceu complementar o conceito do filme. Além disso, era a técnica que eu poderia garantir boa parte da habilidade e dos conhecimentos técnicos necessários. Por último, mas não menos importante, o recorte digital foi uma boa opção por conter maior número de etapas possíveis de ser executadas dentro do prazo estipulado para a conclusão do projeto.

Cenário com marcação da escala para os personagens digitais:


Montagem básica dos personagens:
MICRO

TELE

Visualidade do filme

As técnicas que escolhi para a construção da visualidade do filme e, consequentemente para a animação, estão diretamente relacionadas com as características psicológicas atribuídas aos personagens. Eles possuem uma visão unilateral da realidade e são rasos de caráter; por isso foram representados bidimensionalmente, assim como os objetos cenográficos relacionados a eles. O ambientente em que estão inseridos, por sua vez, foi criado tridimensionalmente, pensando em como os ambientes do mundo real oferecem, de fato, múltiplas possibilidades de interpretação.




Primeira versão do roteiro

O argumento inicial consistia em explorar a diferença de pontos de vista entre dois seres. Portanto, as tentativas de roteiro giraram em torno de possíveis conflitos entre os personagens. Pensei em conflitos étnicos, religiosos, políticos, entre classes sociais e até mesmo entre gerações distintas. Houve uma tentativa inicial que tendia à ordem política, com três personagens que precisariam definir um objeto para uma plateia. O conflito principal da trama se daria quando eles se deparassem com descrições completamente distintas e precisassem chegar a um consenso.

Na escrita desta primeira versão de roteiro, pude contar com a contribuição de Gabriel Brandão e Filipe C. Storck. Eles me ajudaram a compreender melhor o a construção do ritmo do filme e juntos pensamos num desfecho muito bacana.

(Um dia ainda vou fazer uma história só para ter um plano final bonito como esse, meninos!)

Infelizmente essa proposta foi descartada por exigir, entre outras coisas, uma produção maior do que a possível de ser feita durante o tempo do curso. Apesar disso, o conceito básico se sustentou e foi necessário "apenas" reformular a configuração da história. Personagens flexíveis, contexto adaptável.

Universo da trama

Mais do que decidir o número de figuras atuantes ou o próprio roteiro, num primeiro momento foi necessário pautar o funcionamento do universo da trama. Para isso, fiz uma pesquisa sobre os elementos óticos e fotográficos poderiam dar suporte à ideia inicial. E, dentro do assunto estabelecido, surgiram situações que poderiam ser representadas pelos personagens.